É já daqui a um ano que terão lugar as eleições europeias, em que os cidadãos da União Europeia poderão votar nos seus representantes no Parlamento Europeu. Enquanto cidadão europeu e europeísta convicto, não posso deixar de apontar a importância de participar neste ato e contribuir para o aprofundamento deste processo político. No entanto, reconheço que se trata de uma eleição de segunda ordem para a grande maioria da população.
O projeto político europeu é um fenómeno fantástico e complexo, a ideia de unir os países da Europa num grande ator político, visando a cooperação e união entre todos, é um marco importante para os povos europeus que beneficiam desta organização. Claro que juntar 27 estados-membros e construir políticas que reúnam o consenso de todos não é tarefa fácil, acabando por produzir a “Europa a várias velocidades”. O próprio processo de decisão legislativo europeu é difícil de entender e faz parecer com que o Parlamento Europeu não tenha capacidade de decisão, o que pode levar a querer que as eleições europeias de pouco servem senão para eleger os representantes, visto que não tem uma ligação direta com a composição da Comissão Europeia, de onde emanam as principais propostas que depois chegam ao Parlamento para serem aprovadas e submetidas à aprovação do Conselho, que depois aprovará ou não o ato legislativo.
Fica a parecer que as verdadeiras eleições europeias acabam por ser as eleições legislativas nacionais, onde após o ato, forma-se o governo composto pelos mesmos ministros que depois estarão nas tomadas de decisões do Conselho. Muitas vezes é também apontada a questão da falta de legitimidade democrática do Presidente da Comissão Europeia.
Com todos os seus problemas, o meu simples apelo é que haja um esforço para criar uma Europa em que os europeus sentem os problemas como europeus, e não como seus ou dos outros. A Guerra na Ucrânia é um bom exemplo, os países da UE perceberam que a Rússia é uma ameaça à Europa, e esta sensação de perigo e necessidade de união fez muito pela ideia de Europa e de pertença. Tanto a resposta da UE à pandemia da COVID-19 como à guerra fez muito pelo reconhecimento e legitimidade de Von der Leyen e o sentimento de união. O programa Erasmus é, para os jovens, talvez o achievement mais próximo e relevante no que toca ao contacto com outros cidadãos europeus e que fomenta muito o sentimento de cidadania europeia.
Ainda falta cerca de 1 ano para as eleições europeias, onde a participação eleitoral em Portugal é fraca. Mas uma Europa mais forte e unida é uma mais valia para todos os cidadãos europeus, bem como um exemplo de cooperação e consenso entre os seus vários povos. Ajudava ao processo que cada pessoa quebrasse a barreira da sua nacionalidade, pensando e sentindo-se europeu, e para tal, as eleições europeias são sempre uma boa altura para discutir a Europa e sensibilizar as pessoas quanto ao projeto político europeu, debatendo a Europa e criando pouco a pouco uma identidade europeia em cada cidadão. É algo que começa com cada um de nós.
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