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Foto do escritorSimão Santiago Madeira

Nem tudo o que parece, é

“Nem tudo o que parece é”, mas quase tudo, sejamos francos, sim. Basta usar a regra do pato: se se parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, então provavelmente é um pato – é essa a regra da natureza.


Nós, humanos, tendemos a ser duvidosos do mundo que nos rodeia, até porque foi isso que nos permitiu sobreviver durante milhares de anos enquanto o nosso cérebro ainda era pequeno e proporcional ao tamanho do nosso corpo. “Nós, humanos” é essencial à compreensão deste ditado; apenas humanos compreendem a língua portuguesa e apenas humanos conseguem puxar pelo seu imaginário de maneira a criar realidades paralelas: dois chinelos em pé na praia são uma baliza, uma meia é um fantoche. Na natureza não existem chinelos nem meias à balda, mas existindo-os, no seu estado natural, não deixam de o ser e ponto final.

 

Tanto os chinelos como as meias (em separado, não junto que ficam mal), são-no na tranquilidade de quem não tem consciência. A complexidade das coisas parte dos humanos, tanto o é que criamos este ditado para descrever a exceção da regra. Quase tudo o que parece, é.

 

“Ui, aquele leão tem dentes muito afiados”, então se calhar é melhor não o chatearmos; “Ai, este sapo é muito fluorescente”, então dá dois passos atrás e afasta-te; “Mano haha eu garanto-te que isto não é um esquema pirâmide”, se calhar o Homem não é tão inteligente como anunciado.

 

Não obstante tudo isto, percebo. A vida tem uma certa dualidade, em que metade das coisas faz todo o sentido e a outra metade não faz sentido algum. Daí que perceba: nem tudo o que parece, é. Tecnicamente verdade. Nem tudo o que é, parece. Igualmente verdade. Mas quase tudo o que parece, é, e vice-versa. Porque existir não é complicado, complicado é ser-se humano; nós é que complicamos isto tudo – e este texto é sobre fascismo.


pato em cima de rocha

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